segunda-feira, 12 de maio de 2008

Uma Viagem á Aldeia Pai das Donas


Escrita pela minha esposa.


Uma ida á Aldeia de Pai das Donas…

Sendo esta uma crónica feminina gostaria de neste momento dar conhecer como vai o mundo dos clássicos para a mim…
Tratava-se do primeiro aniversário do Clube F.I.A.T. de Portugal e como o meu marido está envolvido desde o seu início, não quis deixar de comparecer.
No primeiro de todos os encontros levou-me, até á paisagem do luso a bordo da “mítica” branquinha.
A branquinha (Como ele lhe chama) é uma carrinha Fiat 128 de 1977 que ele conserva como se fosse da família.
Como este encontro era na Mealhada e bastante próximo da aldeia da minha mãe, a Aldeia de Pai das Donas, achamos por bem ir dois dias antes para evitar as viagens de madrugada, sempre desconfortáveis.
A minha mãe apreciou a ideia de ir até á sua aldeia e juntou-se a nós.
A viagem começou com algumas peripécias típicas de uma”rainha de garagem…”
Uma coisa qualquer da bateria isolado… o Motor em silencio.
Confesso que eu e a minha mãe ficamos com alguma satisfação pois 350kms num carro com 27 anos não nos deixava muito descansadas…
Mas a solução veio rápida, da mala de ferramentas sempre pronta, e lá arrancamos do Barreiro em direcção a “Pai das Donas” concelho de Arganil.
Como se espera em Dezembro o frio era intenso e um aquecimento avariado não ajudou muito ao conforto da viagem.
Para ele tudo fazia parte do espírito de aventura associado mas para as suas companheiras de viagem…enfim…
Lá seguimos calmamente na velocidade permitida de 110 a 120km/h, e em cerca de três horas e meia lá chegávamos calmamente já de noite á bela vila de Côja já, e a horas de jantar. Paramos para um típico bacalhau á lagareiro, muito bem-vindo junto com um aquecedor que gentilmente nos foi cedido pela empregada.
Depois de jantar rumámos á aldeia a cerca de 3 km dali. Passamos a linda ponte romana com o rio Alva por baixo na agitação própria das chuvas…e lá seguimos serra acima com o pequeno motor sempre a puxar e a vencer cada subida em curva. Levando-me a dar graças por uma tal desmultiplicação das velocidades…
Na aldeia nada se via… nesta altura do ano apenas duas ou três famílias habitam a fria encosta da serra do Açor (Vizinha da serra da estrela).
Do quarto onde pernoitamos, pela janela eram visíveis as aldeias vizinhas. Algumas com um manto branco de neve causaram-me alguma inveja, mas só até olhar para a preocupação do meu marido. É que depois de meses enfiada numa garagem a 350 km dali, de repente a carrinha se via exposta aos elementos naturais de uma serra, que por muito bonitos e engraçados seriam muito daninhos para chapas e motores antigos…
No dia seguinte para espanto dos habitantes (poucos) lá estávamos nós com um veículo muito pouco usual por aquelas bandas.
-Então o Ti Marques e a ti Alice não vieram?
(Os meus avós já com alguma idade não resistiriam aos rigores do Inverno na serra pelo que ficam no Barreiro á espera de dias mais quentes.)
- Não! Está muito frio para eles…
O dia foi decorrendo entre chuvas, e uma queda na apanha dos diospiros que não iriam ficar á mercê da solidão daquela típica aldeia.
Á noite numa visita á aldeia do lado, com o rigor do frio a carrinha resolveu parar em plena estrada…
Qualquer coisa afogada… Dizia o meu marido irritado com as ferramentas para um lado e outro com os poucos habitantes da aldeia a rodear o carro, perplexos com semelhante loucura de trazer um carro daqueles para um sitio tão ermo.
Mas da mala de ferramenta mais uma vez, lá saio a solução para a inércia do veículo, e lá seguimos.
Já no dia um de Dezembro logo cedo eram horas de se avançar para a Mealhada onde os restantes participantes se iriam juntar para um típico leitão á Bairrada.
A “mítica branquinha” iniciou a sua marcha carregada de produtos da horta ou não fosse ela uma carrinha e portanto, vocacionada para tais funções.
Das visões mais agradáveis de se ter é o brilho do sol cristalizado pelas gotículas de orvalho da manhã, dentro de um carro aquecido…Pois… é verdade… o aquecimento estava avariado… pormenores…
Chegamos á Mealhada junto com outros participantes, ansiosos pelo desenrolar do encontro…
Uma pequena gincana na qual se recusou a participar pois a bagageira cheia de diospiros não era propriamente uma vantagem…
E depois um almoço de bom leitão que durou até ao fim da tarde.
350kms nos aguardavam no final do fim de semana…
A velha 128 foi sempre andando sem problemas até que junto de Vila Franca uma luz do mostrador se acendeu para pânico dos ocupantes.
Parece que uma coisa qualquer tinha deixado de realizar a sua função e já de noite a branquinha seguiu o resto do percurso apenas com luzes nos mínimos, com o apoio de um Fiat 127 de um amigo que se dispôs a tomar a dianteira para poupar a bateria.
Tanto eu como a minha mãe estávamos em stress e com frio.
O carro lá ia seguindo com o fantasma do empano a perseguir-nos.
O meu marido conformado (e sempre seguro pela assistência em viagem que serve para estas coisas) e irritado (Desta vez a solução não sairia da mala de ferramentas) continuou a viagem até ao Barreiro, onde só respirou aliviado, á porta de casa.
Neste momento fala-me numa viagem pela Europa com outro 128 ainda mais velho, até ao berço da Fiat… Itália…
Com tantas peripécias e sem o aquecimento arranjado não sei se me convence…


Isabel Maria Marques Prata e Silva

1 comentário:

impulsos disse...

Olá Luis|
Eu acho que esta crónica ficava bem era lá no Luso Poemas.

Hum! Que me dizes?
Bora lá metê-la?!

Gostei de te ter descoberto neste mar imenso onde a blogosfera é um oásis perfeito!

Beijo de uma conterrânea da tua esposa