segunda-feira, 12 de maio de 2008

Projecto 2005







Projecto 2005…Quem me conhece, á muito que sabe desta minha paixão pelos clássicos.Paixão que vai muito alem da simples posse de veículos clássicos e da sua exibição por alguns encontros casuais aqui e ali.Gosto de meter as mãos na máquina e dar vida aos poucos a tudo o que os anos de utilização foram roubando ao carro.Em 2002 quando comprei o Fiat 128 foi esse o objectivo proposto.Recuperar com as minhas mãos um veículo clássico fazendo tudo o que fosse possível de ser feito por mim.Mas este ano quis levar a coisa mais longe mais concretamente a Itália. Berço da Fiat de onde é originário o meu “carrinho”Apesar de já ter sido visto aqui e ali em alguns encontros pelo país, o BI-31-57 tinha muitos pormenores a serem tratados em termos estéticos.Primeira etapa retirar o motor e a caixa para expor convenientemente os pontos a tratar e depois com paciência, tratar um a um com carinho.O motor e todas as peças foram cuidadas de maneira a estarem esteticamente aceitáveis á vista.Depois chegou a vez de substituir borrachas de para brisas e frisos até ao momento de recolocar tudo no lugar de novo.Agradeço ao meu amigo Joaquim Manuel a sua preciosa ajuda nesta etapa, que já foi um pouco a contra relógio, nos preparativos da jornada.No dia 31 de Maio tudo estava a postos. Objectivo: Itália!Pretendia-se participar no encontro do FIAT 130 Owner’s club de Itália, com um Fiat 128. A direcção do Clube aceitou a inscrição e lá partimos nós.A partida, junto com outro companheiro noutro carro, foi de Penamacor. A proximidade com a fronteira Espanhola, iria facilitar os nossos objectivos de percurso pelas nacionais e auto vias Espanholas.Os primeiros 1000kms decorreram sem problemas. Foi um entusiasmo tão grande que inclusive esquecemos que o nosso carro pedia uns certos cuidados de verificação… Perto da Fronteira com França teve-se de recolocar o nível de liquido no radiador. Este foi um momento de lição para nós que quase custaria a viagem e foi fonte de muita ansiedade nos quilómetros seguintes. O dia seguinte, fruto deste episódio, foi apelidado de “dia dos barulhos”. O meu ouvido, identificava todo e qualquer ruído no carro como uma eventual probabilidade de avaria. Foram feitas muitas paragens na expectativa de as ir eliminando. Felizmente todas eram apenas fruto do susto do dia anterior e nenhuma se concretizou.Ainda em Espanha uma operação Stop nos Pirinéus, ameaçou a nossa tranquilidade pois a guarda civil Espanhola fez o Fiat parar apenas porque tiveram curiosidade em saber o que semelhante carro estaria a fazer tão longe da sua origem. Simpaticamente deram alguns conselhos de viagem e desejaram sorte aos “loucos” nos seus intentos.O dia dos Barulhos terminaria em Cisteron onde um banho reconfortante e umas horas (Poucas…) de sono retemperador souberam a pouco antes de uma chegada triunfante a Itália, pelos Alpes (ou não estaríamos em presença de uma maquina transalpina…). A passagem por Turim apesar de ter um certo sabor nostálgico seria um ponto interessante, não fosse pelo trânsito caótico que se sentia antes de um Fim-de-semana prolongado.O horário para chegar a Piombino onde se tomaria o Ferry, começava a ficar algo apertado e isso levou a uma mudança de planos que nos impeliu para uma auto-estrada até ao destino pretendido.Cerca das 21h chegávamos à deslumbrante “Isola de Elba” onde o resto do grupo nos aguardava.Apesar de algum cansaço, já esperado em 2700kms, sentia-se um sabor de vitória no momento em que estacionamos no Parque do Hotel ao lado do Fiat 124 Spider do Carlos da Silva, também ele parte deste grupo de Portugueses… metade da aventura já estava.No dia seguinte depois de uma boa noite de sono o grupo de Portugal estava pronto a dar-se a conhecer aos restantes elementos do encontro.Desde Heróis passando por loucos sem esquecer aventureiros houve vários nomes que nos foram conferidos. Os Italianos duvidaram inclusive da simplicidade mecânica do motor do pequeno Fiat esperando altas modificações que permitissem o impulsionar dos dois loucos por essas estradas fora.Os três dias na Ilha foram premiados por paisagens deslumbrantes, em estradas de excelente qualidade com uma gastronomia agradavelmente diferente daquela a que estamos habituados em terras de Viriato.A simpatia de um povo e o sabor envolvente da história do local onde sabemos ter estado exilado o Tirano Napoleão associados á beleza e elegância natural das praias desta ilha Mediterrânea (e não só…) Fizeram daqueles dias, dias especiais que jamais esqueceremos.Já no Domingo era o momento de regressar… Com uma certa pena, como é óbvio, lá colocamos o nosso Fiat 128 a rolar pela estrada em direcção ao Ferry… já se sentia no ar a saudade dos nossos ante queridos que nos esperavam na origem misturada com a nostalgia dos bons momentos passados. Os cerca de 2500kms que faltavam até pareciam mais curtos. Como dizia o meu companheiro de viagem depois de cada placa indicativa de distancia…“O que é isso para nós?”Ainda em França, foi feita uma pequena manutenção no veículo. 4000kms depois os platinados acusavam alguma perda de eficácia, os Alpes estavam vencidos, mas impunha-se a sua substituição.Tal como á trinta anos o meu pai faria, também eu fui prevenido com um jogo suplente de platinados e condensador (Entre muitas outras coisas…). Durante a “operação” ouviu-se um conhecido… Portugal!!! Viva o Benfica!!! A nossa resposta foi pronta! Viva o Sporting!!!Num grupo de Motards, que por acaso estava de passagem em direcção á Suiça, fomos encontrar uma série de Portugueses emigrantes. Apesar de espantados com a presença de uma matrícula Portuguesa com quase trinta e cinco anos em plena França, foi notória a satisfação de trocar algumas palavras na língua de Camões onde menos se esperava…Platinados e condensador substituídos, motor de novo como um relógio, seguimos a nossa viagem como se impunha.Já em Espanha se sentia o a proximidade do nosso pais deixando França e Itália para traz, nas matrículas dos camiões de longo curso e nos sinais de luzes de cedência de passagem se sentia a presença dos nossos patrícios que simpaticamente acenavam á passagem do “Amarelinho”.O grande sucesso da viagem já se sentia Á entrada de Elvas com temperaturas sufocantes que ainda obrigaram a uma ligação directa da válvula do radiador para disparar a ventoinha mais cedo. Felizmente arte e engenho não faltaram a estes dois viajantes…Em Montemor na Hora de almoço não resistimos a um bom Bacalhau á lavrador, O tipicamente português já nos ia fazendo alguma falta nas saborosas dietas mediterrânicas de Itália.Entretanto cerca das 16h do dia 7 de Junho os dois loucos, heróis, aventureiros chegavam ao ponto de partida… Palhais no Barreiro!Mais extenuados com o calor Alentejano do que com a subida íngreme dos Alpes, mas felizes com a conquista de quase 6000kms de estradas num FIAT 128 de 1971, que confirmou a frase Publicitária:FIAT 128… É Mais carro!

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